segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

ONÇA-PINTADA À BEIRA DO DESAPARECIMENTO!

A Mata Atlântica abriga ainda cerca de 250 onças-pintadas, dentre as quais apenas 
50 em atividade reprodutiva. 
A onça é mais conhecida por enfeitar a nota de R$ 50. 
Não é tão difícil dar de cara com ela no dia a dia, pintada nova em folha no caixa eletrônico, aninhada em grupo numa carteira bem-aventurada. 
Símbolo nacional, afinal de contas. 

O bicho de verdade, maior felino do hemisfério Ocidental, terceiro maior do mundo
 (tigre e leão à frente), rondava também o bioma Pampa, mas foi varrido pelos 
gauchos de todas as procedências, com e sem acento.
 A meados dos 1930, a pintada podia ser vista até nos arredores de Porto Alegre,
 sempre solitária, que em grupo é invenção de carteira cheia: o animal tem manhas de gato, gosta de viver só. 

No Rio Grande do Sul de agora, o número de onças se calcula em quatro ou cinco, punhado espremido no Parque Estadual do Turvo, em Derrubadas, esquina com Argentina e Santa Catarina. Esse assassínio gradual da espécie Panthera onca tem relação direta com a devastação da Mata Atlântica, reduzida a menos de 10% da sua cobertura pré-colonização europeia. Das áreas restantes, apenas 24% são extensas o bastante para hospedar as onças, e o animal está ocupando 7% desses retalhos, publicaram 13 cientistas brasileiros em janeiro na revista Science.

- A onça está praticamente extinta no Estado, e o nosso alerta é que o Rio Grande do Sul não está sozinho. Em toda a costa brasileira está havendo declínio - diz Eduardo Eizirik, professor da Faculdade de Biociências da PUCRS e coautor da carta-alerta na Science.

O biólogo Dante Meller, gestor do Parque do Turvo, reputa a sobrevivência de onças no Estado à proximidade com a província argentina de Misiones, cujas florestas se estendem até o Parque Nacional do Iguaçu (PR). 

- É um animal difícil de ser avistado. Normalmente encontramos rastros. Há poucos dias soubemos de pegadas num município próximo à Reserva Indígena do Guarita, a 15 quilômetros daqui. Achamos que a onça faz esse trajeto de ida e volta - sugere Dante, lamentando o conflito com agricultores e pecuaristas. - Procuramos trabalhar, mas há pouca gente. O povo se estabeleceu nessa cultura de caçar e explorar a floresta.

O cenário não é muito melhor no Iguaçu, onde a população de onças caiu de 180 para 18, informam Marina Xavier da Silva e Ronaldo Morato, que coordenam, respectivamente, o projeto Carnívoros do Iguaçu e o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap).

Uma das soluções para estancar a sangria é a criação de corredores interligando todos os 
biomas, da Argentina ao México (abaixo, no Uruguai, e acima, nos EUA, a onça já era). O internacional Panthera Project tenta desenhar essas rotas convencendo fazendeiros e comunidades da importância de deixar a onça viajar em segurança. Em um trabalho exibido nas televisões de 53 países, o Instituto Onça-Pintada (IOP) acompanhou a jornada da jaguar ?Lenda?, que emigrava do Cerrado para o rio Araguaia, corredor natural até a Amazônia, esperança de sobrevivência e acasalamento.
(Henrique Tramontina)
Detetive ecológico

Tirar as onças do isolamento não é apenas conservar vivo um bicho majestosamente bonito, felino da mordida mais forte, por meses morador de árvores, por quilômetros nadador de rios. Predador do topo da cadeia alimentar, ele cumpre papel fundamental no equilíbrio do ecossistema, controlando populações de capivaras, veados, queixadas, raposas, guaxinins, porcos do mato e tudo o mais que, demais, vira praga de fazenda.

Presidente do IOP, o biólogo Leandro Silveira aponta que o maior algoz da onça na Mata Atlântica tem sido a falta de alimento decorrente da caça ilegal a suas presas. Leandro diz que, extinta a onça, perseguida como ameaça ao gado, os caçadores dariam cabo também das eventuais pragas, mas o desequilíbrio estaria instaurado.

- Já está acontecendo. A falta de onças e suas presas está afetando a diversidade de plantas e, assim, toda a fauna associada a elas - aponta.

Uma floresta em que os reis são herbívoros é uma floresta com os dias contados. Destruída a vegetação, animais como insetos precisariam se mudar. E que lugar melhor para insetos retirantes do que uma lavoura? Viessem os carnívoros menores tomar o lugar da onça, as vítimas da vez poderiam ser as aves, hábeis semeadoras da floresta. Fica pior: áreas hoje protegidas se abririam mais facilmente à festa do desmatamento, que já autografa 15% das emissões de gases do efeito estufa. Para não arriscar muita previsão, dá para resumir assim: quanto menos mata, menos onça, e quanto menos onça, menos mata.

Entre 2002 e 2004, o IOP esteve em acordo com 14 fazendas que cobriam 400 mil hectares do Pantanal (onde, aliás, 95% das terras são privadas): ninguém podia matar onça nenhuma, e qualquer carcaça de boi encontrada e certificada como obra da pintada era indenizada pelo instituto. As propriedades compromissadas com o meio ambiente também recebiam assistência médica, odontológica e educacional.

- Todas as fazendas parceiras melhoraram o seu manejo do gado. Os prejuízos por causa das onças eram em média 90% menores do que os relatados antes do projeto. A maior lição foi de que é infinitamente mais barato e socialmente correto ter o fazendeiro como parceiro da conservação do que tratá-lo como vilão. Dar assistência mínima é mais barato do que desapropriar, manter e fiscalizar 400 mil hectares na forma de uma reserva - conclui Leandro.

A tática desaguou na Aliança para a Conservação da Onça-Pintada, que atua no Pantanal, no Cerrado, na Amazônia e na Caatinga. Quanto à Mata Atlântica, Leandro tem poucas esperanças. 

- Em 2008, o IOP publicou um artigo sobre a situação da onça-pintada nos diferentes biomas do Brasil. A Mata Atlântica teve a pior classificação. O desenvolvimento urbano e as densidades humanas no entorno das poucas áreas de reservas deixam poucas alternativas para reconectar as populações restantes - lamenta, acrescentando que "está passando da hora de ficar apenas pesquisando".

Veterinário e chefe do Cenap, Ronaldo Morato ressalta que o centro vem articulando projetos como o Plano de Ação para a Conservação da Onça Pintada e a própria Aliança, que busca concentrar os trabalhos dos diversos agentes, evitando a duplicação de esforços. Como exemplo da colaboração crescente entre pesquisadores, Morato menciona a Rede Sisbiota ? Predadores de Topo, coordenada pelo professor Pedro Galetti, da Universidade Federal de São Carlos (SP). 

Para Morato, há lugar para otimismo - ao norte do equador, o reflorestamento, a reintrodução e a translocação de indivíduos vêm recuperando populações de carnívoros. Por outro lado, o tripé caça/hábitat degradado/aquecimento global é réu em vários outros processos de extinção, como o dos tubarões e arraias, que devem ser talhados aos 25% nas próximas décadas, divulgou no mês passado a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. Segundo o geneticista da PUCRS Eduardo Eizirik, "a visão realista não é boa".

- Não é fácil ficar otimista. Temos de reverter a estrutura como os humanos interagem com recursos naturais, o lixo, a geração e o consumo de energia. Precisamos pensar nos impactos que causamos. É necessário e é bom que a humanidade amadureça.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/planeta-ciencia/pagina/onca-sem-mata-mata-sem-onca/?utm_source=Redes%20Sociais&utm_medium=Hootsuite&utm_campaign=Hootsuite

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Produtos de Origem Animal


Artigo escrito por mim e publicado no Jornal Gazeta de Alegrete

Cinomose

Artigo escrito por mim e publicado no Jornal Gazeta de Alegrete

TOXOPLASMOSE EM BALEIA BELUGA!


Aquecimento global explicaria a transmissão, dizem cientistas (Foto: AFP)Aquecimento global explicaria a transmissão, dizem cientistas (Foto: AFP)






A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de British Columbia, no Canadá, que emitiram um alerta à comunidade local Inuit para não comer a carne desse tipo de mamífero.
Segundo os pesquisadores, trata-se de uma evidência de como o aquecimento global do Ártico vem possibilitando uma maior circulação de patógenos.
No passado, o clima da região agia como uma espécie de 'obstáculo' aos agentes infecciosos.
"O gelo é uma barreira ecológica importante que influencia na forma como os patógenos podem ser transmitidos na natureza", afirmou Michael Grigg, parasitologista molecular que liderou a equipe responsável pela descoberta.
"O que nós temos descoberto com as mudanças ocorridas no Ártico é que novos agentes patógenos vêm surgindo, causando doenças na região que nunca haviam sido vistas anteriormente", acrescentou.
Grigg, que faz parte da Unidade de Pesquisas de Mamíferos Marinhos da Universidade de British Columbia, fez as declarações durante o encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AASS, na sigla em inglês).
O Toxoplasma gondii tem forte presença nas baixas latitudes e muitas pessoas contraem o parasita sem desenvolver problemas de saúde.
No entanto, o organismo pode apresentar riscos para mulheres grávidas e indíviduos com sistema imunológico fraco.
Aquecimento global
Os cientistas ainda não sabem, no entanto, como os parasitas foram parar na baleia beluga.

Eles suspeitam que os gatos trazidos para o Ártico como animais domésticos poderiam estar infectados com o organismo.
Na hipótese sustentada pelos pesquisadores, as fezes desses felinos teriam entrado em contato com a água dos rios que desembocam no oceano.
Com a elevação das temperaturas no Ártico, acreditam eles, a água permanece em estado líquido por mais tempo, facilitando, assim, o contato do parasita com outros animais.
"O estágio de transmissão do parasito é uma estrutura em forma de ovo", afirmou Grigg.
"A única forma de eliminá-lo é fervê-lo ou congelá-lo. Por isso, quanto mais tempo as temperaturas ficarem acima de zero grau Celsius, maior é o risco de exposição ao parasita. Com o aquecimento global, esse risco aumenta", acrescentou.
Em 2012, a equipe liderada por Grigg revelou que uma nova cepa de outro parasita, o Sarcocystis, foi responsável pela morte de mais de 400 focas cinzas no Atlântico Norte. O patógeno havia sido observado anteriormente apenas no Ártico.
Para Sue Moore, oceanógrafa da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, órgão do governo americano para assuntos ligados à meteorologia, oceanos, atmosfera e clima, o monitoramento dos mamíferos marinhos é a melhor forma de observar as mudanças no Ártico.
"Eles (mamíferos marinhos) são o que chamo de 'sentinelas da mudança''', afirmou.
"Eles estão no topo da cadeia alimentar e dependem do ecossistema em que vivem. Deles, podemos ter, assim, uma visão 'de cima para baixo' do que está acontecendo", explicou ela.
"Os mamíferos marinhos refletem as mudanças que estão ocorrendo no ecossistema. Se um deles parar de comer determinado alimento e passar a comer outro, então é porque algo de importante aconteceu".



Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/02/parasita-de-gato-e-achado-em-baleia-no-artico.html

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CUIA DO CHIMARRÃO VEIO DA ÁFRICA

 

Exemplar de 'Lagenaria siceraria' no Jardim botânico de Kyoto, no Japão (Foto: Reprodução/Flickr/Joel Abroad)

Exemplar de 'Lagenaria siceraria', a popular cabaça, no Jardim Botânico de Kyoto, no Japão
(Foto: Reprodução/Flickr/Joel Abroad)


Estudo publicado na revista “Proceedings” da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos conclui que a cabaça ou porongo (Lagenaria siceraria), planta usada para fazer a cuia de chimarrão, entre outros tipos de recipientes, provavelmente chegou à América flutuando pelo Oceano Atlântico, oriunda da África.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores, liderados por Beth Shapiro, da Universidade da Califórnia, analisaram o DNA de diversas amostras antigas e atuais da planta, de diferentes pontos do planeta. Eles notaram que, geneticamente,  a cabaça americana é muito mais semelhante à africana que à asiática.
A teoria anterior a respeito da cabaça era de que ela surgiu na África e foi se espalhando primeiro pela Ásia, para então chegar ao continente americano pelo Estreito de Bering, na região ártica. No entanto, seria necessário que ela resistisse a um clima muito frio para que isso fosse possível, e a planta é adaptada a zonas tropicais.
Modelos de correntes marítimas indicam que cabaças selvagens africanas podem ter simplesmente boiado no Atlântico, chegando à costa oriental das Américas e se espalhando pelo novo continente com a ajuda de animais que se alimentavam de suas sementes. Os antigos habitantes americanos então teriam domesticado a planta em diferentes lugares.
As cabaças já eram usadas para transporte de líquidos e alimentos há cerca de 11 mil anos na Ásia e 10 mil anos na América - muito antes da chegada dos colonizadores europeus, portanto.


Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/02/planta-da-cuia-de-chimarrao-veio-boiando-da-africa-diz-estudo.html

Cerca de 70% de novas doenças que infectam seres humanos têm origem animal, alerta ONU

Mulher recolhe ovos em uma granja perto do Cairo, no Egito. Foto: FAO/Giulo Napolitano
Mulher recolhe ovos em uma granja perto do Cairo, no Egito. Foto: FAO/Giulo Napolitano


Cerca de 70% das novas doenças que infectaram os seres humanos nas últimas décadas tem origem animal,afirmou nesta segunda-feira (16) a agência alimentar das Nações Unidas, alertando que está se tornando mais comum que doenças mudem de espécies e se espalhem na população, em meio ao crescimento das cadeias de agricultura e de abastecimento alimentar.
A expansão contínua das terras agrícolas em áreas selvagens, juntamente com um ‘boom’ mundial da produção animal, significa que “o gado e os animais selvagens estão mais em contato uns com os outros, e nós mesmos estamos mais em contato com os animais do que nunca”, disse Ren Wang, diretor-geral assistente da área de agricultura e defesa do consumidor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
“Não podemos lidar com a saúde humana, a saúde animal e a saúde do ecossistema de forma isolada, temos de olhar para eles juntos, e abordar os condutores de surgimento de doenças, persistência e propagação, ao invés de simplesmente correr atrás das doenças depois que elas emergem”, acrescentou.
De acordo com o relatório ‘Pecuária Global 2013: Mudando as Paisagens das Doenças’, é necessária uma nova abordagem – mais holística – para a gestão de ameaças de doenças.
O relatório busca entender como as mudanças na forma como os humanos criam e comercializam animais têm afetado o modo como as doenças surgem e se espalham.
A globalização e as mudanças climáticas estão redistribuindo patógenos, vetores e hospedeiros, e os riscos de pandemia para os seres humanos causada por patógenos de origem animal são uma grande preocupação. Ao mesmo tempo, os riscos de segurança alimentar e resistência aos antibióticos estão aumentando em todo o mundo, diz a agência da ONU.


Fonte: http://www.onu.org.br/cerca-de-70-de-novas-doencas-que-infectam-seres-humanos-tem-origem-animal-alerta-onu/